quarta-feira, 6 de abril de 2011

Belo Monte: solução burra para a geração de energia no Brasil

“Belo Monte é uma resposta medíocre para o desafio de gerar energia para o país”, diz Marcelo Furtado, diretor executivo do Greenpeace no Brasil."

 Do ponto de vista ambiental, ela repete erros que o país cometeu no passado, alagando áreas de floresta relevantes para construir mega hidrelétricas. Itaipu afogou o Parque Nacional de Sete Quedas na década de 1970. Quarenta anos depois, Belo Monte vai provocar um desmatamento de 50 mil hectares em zona de mata, ainda razoavelmente conservada, em pleno coração da Amazônia.

“Belo Monte também é símbolo de uma visão de desenvolvimento defasada”, prossegue Furtado. “Ela não agrega novas tecnologias, não embica o país para o futuro. É uma obra de cimento e aço, típica do século que passou. Além de antiga, Belo Monte, ela vai operar com um alto nível de ineficiência.” Longe dos principais mercados consumidores do país, a energia gerada em Belo Monte terá de ser enviada às regiões Sul e Sudeste do Brasil, produzindo enormes perdas.

Um estudo do Greenpeace realizado em 2007 com a assistência do Grupo de Energia da Universidade Politécnica da USP (GEPEA – USP) mostra que é possível atender à demanda de energia do país até 2050 com investimentos em geração que passem ao largo de tecnologias de grande impacto ambiental, como grandes hidrelétricas, usinas nucleares e termelétricas movidas a carvão ou óleo diesel. A ausência desses dinossauros energéticos seria suprida com a utilização de fontes de geração de energia renováveis modernas como eólica, biomassa e solar.

O cenário desse estudo aponta para uma produção de energia em 2050 em que a geração hidrelétrica responderia por 38% das necessidades do país. O restante viria de biomassa em suas diferentes formas de cogeração (cascas e bagaço, óleos vegetais e biogás), com 26% da geração total. A energia eólica entraria com 20% da geração e os painéis fotovoltaicos contribuiriam com 4%.

No lugar de uma Belo Monte na Amazônia, o Brasil deveria por exemplo investir na criação de uma Belo Monte de vento no Nordeste, que gerasse empregos mais condizentes com o século 21 e desenvolvimento industrial de baixo carbono e alta qualidade.

“A usina de Belo Monte é uma prova, sobretudo, de como o Brasil enxerga o futuro pelo espelho retrovisor”, diz Furtado. “Ao invés de pensar a Amazônia como uma região para a expansão de mega usinas hidrelétricas, o governo deveria planejar o seu desenvolvimento de olho na floresta como um ativo de interesse mundial, que tem influência fundamental para o futuro da regulação do clima no planeta e que presta óbvios serviços ambientais à agricultura nacional.”

Fonte: Envolverde/Greenpeace

Um comentário:

  1. Felizmente nós não estamos em uma situação de emergência com escassez de energia.No meu ponto de vista a construção da usina é realmente desnecessária já que temos outras alternativas de fontes energéticas,que só precisam de investimento como a energia eólica,solar e os biocombustíveis.
    Com a falta de planejamento e de estudos detalhados a construção se torna um perigo sendo que uma vez construída,seus impactos serão irreversíveis.

    Priscila Ellen

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